Existem grandes interfaces entre a Odontologia e a Medicina, principalmente quando o assunto é dor.
Por exemplo, a substância P, um polipeptídeo de 11 aminoácidos, seria uma forte candidata ao posto de neurotransmissor principal quando o assunto é nocicepção (sensações dolorosas).
Na pele, se fizermos um corte, além da liberação do potássio e do ácido araquidônico, o outro componente será a bradicinina (esta última descoberta pelos brasileiros Rocha e Silva, Beraldo e Rosenfeld em 1948, usada no tratamento da hipertensão). O potássio, o ácido araquidônico e a bradicinina sensibilizam as fibras aferentes (terminações nervosas livres), que liberam a substância P no espaço extracelular. Resultado: vasodilatação, edema, e dor. Também, podemos chamar esse processo de "inflamação neurogênica".
Outro ponto: quando temos uma "dor de dente" (por cárie ou problema endodôntico), os impulsos são conduzidos por fibras tipo A-delta e tipo C (condução lenta) utilizando qual neurotransmissor? A substância P.
No tratamento da nevralgia pós-herpética (Zoster), um dos medicamentos usados para reduzir a dor é a pomada de capsaicina, tendo como efeito final a redução considerável dos níveis de substância P local.
Ainda, diversos neuropeptídeos, incluindo a substância P, estão cada vez mais implicados no processo de regeneração das fraturas ósseas. A evidência atual sugere que a substância P module alguns processos químicos e celulares, resultando na formação e proliferação de células ósseas (osteoblastos e osteoclastos), bem como na diferenciação de condrócitos.
Para finalizar, foi demonstrado, nos ferimentos de pele (com exposição da derme e remoção da inervação), que a substância P provoca sua estratificação vertical.
A pergunta: teremos num futuro próximo o uso deste neuropeptídeo nos processos de HOF?
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