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Foto do escritor PAULO ROSSETTI

Como anda a autoestima no seu consultório dentário?


Autoestima: quando os meus resultados não são iguais aos dos congressos.
Autoestima: quando os meus resultados não são iguais aos dos congressos

Esse assunto é um mito? Não.


A sua autoestima "balança" depois de voltar dos congressos?

O quanto, numa escala de 0 a 10? Motivos? A estranha sensação de você não conseguir fazer tudo o que foi planejado no tratamento do seu paciente dar certo.


Mas de onde nasce essa "estranha sensação"?

Simples: das situações que ainda não atendemos na clínica ou da necessidade de fazermos muitas modificações nos casos para que o resultado final seja "compatível" com aquele observado nos congressos.


Mas como ser "compatível" se os pacientes são biologicamente diferentes? O que impede que esses resultados sejam alterados em função do tempo?


Por exemplo: um profissional recém-formado, treinado para fazer restaurações básicas, da resina composta mais conservadora até o preparo para coroa total mais geométrico possível, pode sentir uma diminuição na autoestima ao ser confrontado com um caso complexo.


Outro motivo recorrente da baixa autoestima: o caso do colega sempre fica "mais bonito" do que o meu. Então, será que não é o seu colega que está com "sorte" de receber um paciente mais favorável do que você? Existe a "sorte" na Odontologia?


Aqui existem dois conceitos básicos que todo mundo deveria lembrar: diagnóstico e prognóstico.


Por um lado, o diagnóstico é aquilo que nós concluímos da situação atual dos pacientes, ou seja, como eles ou elas chegam aos nossos consultórios. Exemplos: recessão gengival, tecido gengival fino, cárie subgengival, desvio de linha média na arcada maxilar. Faça uma lista e estude com calma item por item. Procure pela tal da sorte e descubra que isto tem outro nome.


Por outro lado, o prognóstico depende de como os fatores locais diagnosticados são trabalhados para "melhorar" ou "aliviar" essas situações.


Veja: se o paciente tem um biotipo periodontal fino, coroa dentária com formato anatômico triangular, e precisa remover um dente para colocar um implante dentário na zona estética, qual será o prognóstico em longo prazo? Restrito, guardado. O tratamento é possível, mas será que vai ficar igual ao da apresentação que você viu naquele congresso?

Se você não "dá a real" para o seu paciente, como que cara ele ou ela fica? Se não enfrentar a situação de um prognóstico desfavorável, com que cara você ficará? Como isso afetará a autoestima no seu consultório dentário?


Claro, o prognóstico pode ser mudado (não significa melhorado em 100% das vezes) a qualquer momento desde que o seu paciente passe por procedimentos adicionais que não estão fora de nenhuma sequencia publicada nos livros ou nos artigos científicos.

Modificar a condição local dos pacientes leva bastante tempo. Entretanto, há milhares de pacientes que simplesmente "não querem" passar por um cirurgia de enxerto, uma movimentação ortodôntica, ou até mesmo um leve desgaste na anatomia dentária. É o medo natural ao desconhecido.


Diante de tanta limitação, você, eu, e milhares de profissionais na Odontologia seremos frequentemente obrigados a fazer o quê?


Daí, como a nossa memória é curta, ao nos depararmos com o desfile de belas imagens nesses eventos científicos, a autoestima cairá. Por acaso, estou mentindo?


Mesmo pacientes dispostos ao tratamento multidisciplinar, se não tiverem boas condições de partida, podem acabar nos frustrando. Não controlamos a biologia, a vida, a fisiologia. Há sempre uma compensação com o passar do tempo. Mas os nossos pacientes entendem isso? Estamos explicando bem?


Imagine uma cirurgia plástica periodontal com aumento de coroa nos seis dentes anteriores. Sucesso automático: 100%. Sucesso após cinco anos: um dos caninos apresenta uma recessão gengival de 1mm de comprimento. O paciente possui linha de sorriso baixa. Esse caso deixaria de ser mostrado num congresso odontológico? Não seria mais produtivo ao debate, e à nossa autoestima, se os motivos que geraram a recessão fossem discutidos?

O prognóstico no tratamento odontológico depende do seu grau de manutenção. É similar aos utensílios domésticos, veículos, etc. Quanto mais cuidarmos, melhor a sua duração até o "dia do vencimento" que pode ser alterado a qualquer momento.


Quando acessamos apenas o arquivo, a caixa, ou a pasta do computador que contém apenas os "tratamentos que deram certo", enganamos a autoestima.


Há alguma solução para isso?


Primeiro, seria melhor se as nossas fichas clínicas fossem organizadas pelas limitações intrínsecas e as resistências naturais dos pacientes frente aos tratamentos propostos. Isso prepararia a nossa autoestima para golpes mais duros. Teríamos mais resiliência mental frente aos insucessos.

Depois, se os resultados dos nossos pacientes fossem comparados com as escalas ou índices de sucesso quantitativos e qualitativos existentes na literatura, para sabermos os verdadeiros motivos pelos quais a nossa autoestima é influenciada para o bem ou para o mal. A tal "estranha sensação".

Finalmente, ativarmos os nossos filtros no congresso seguinte.

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