O que ainda não foi dito sobre a conexão hexágono externo, esse famoso mecanismo de fixação, ou melhor, parte do mecanismo de fixação?
O hexágono externo é a região que resiste às forças laterais, no que chamamos de junta aparafusada (ou parafusada, se você preferir). Na configuração original, os outros componentes são o pilar transmucoso e os parafusos (de fixação desta pilar e de fixação do componente protético). Completando a montagem, teremos uma coroa aparafusada sobre o implante dentário.
Seguindo a história oficial, esse mecanismo, no implante dentário contemporâneo, foi desenvolvido por um homem chamado Viktor Kuikka. Se morasse no Brasil, seria "Seu Vítor, o relojoeiro". Quem teve a chance de ver um torno funcionando sabe da magia: uma vareta de titânio é colocada sobre um carrinho e uma peça de desgaste é acionada. Em pouco tempo, depois do desenho das partes externas (roscas) e das partes internas (canal, fundo, roscas), aparece a conexão (as famosas paredes do hexágono).
Sr. Viktor Kuikka: paciência de monge, espírito de empreendedor.
Foram diversas tentativas até chegar ao modelo final do implante e da conexão hexagonal:
Na foto acima, repare que nem sempre a plataforma foi cilíndrica. Alguns desenvolvimentos tinham as "bases hexagonais". Só mais tarde é que as paredes do hexágono foram colocadas ao centro, deixando um espaço de assentamento circular.
No meio do caminho, o implante (parafuso, fixture) contemporâneo atravessa o Atlântico (chega aos EUA) e inspira diversas empresas. O mercado cresce e milhares de pacientes são tratados com próteses totais fixas aparafusadas seguindo o protocolo cirúrgico protético criado por Per-Ingvar Brånemark e colaboradores.
Ao longo dos anos, o foco esteve na melhora da estabilidade: passamos do "macho de tarraxa" para os desenhos auto rosqueantes em função das regiões onde havia apenas osso trabecular, mantendo-se o mesmo tipo de conexão hexagonal.
A frase acima (e a imagem abaixo) ilustram o pensamento da equipe de desenvolvimento e diversos cientistas se debruçando na ideia, trocando o montador externo pela chave interna, mudando o ápice, a superfície do implante, e pensando em como aproveitar ao máximo a região cortical do osso local:
Eu sei que tem muita gente pensando no "perde mais ou perde menos osso". Na equação complexa da longevidade, a conexão não é o único fator. Caso contrário, ninguém teria sucesso estético. O problema é interpretar todos os fenômenos ao mesmo tempo e surgir com o "número mágico".
O argumento acima deve ser examinado na revisão Cochrane mais recente . Também, poderemos nos deparar (sem querer) ao verificamos por analogia, parte desse dilema no livro de Nassim Taleb (Antifrágil - coisas que se beneficiam com o caos - Editora Objetiva), onde o mecânico é feito para "usar e perder" e o biológico "para usar, se não vamos perder".
Na Implantodontia, temos a junção clássica do "mecânico" com o "biológico". Em muitos casos, partiremos da "atrofia" (rebordo já cicatrizado) esperando voltar à função. Por isso é importante fazer uma radiografia periapical da crista óssea pelo menos uma vez por ano.
Agora, com mais de 50 anos de Osseointegração comemorados, a questão não é se você "usa" ou "não usa" as conexões hexagonais externas, ou se você "as ama ou odeia"; nada impede outras propostas de desenho e a sua preferência "é a sua preferência", mas:
Ainda há milhares de pacientes com esse tipo de conexão e que precisam de manutenção: solturas e fraturas de parafusos ainda são causas comuns de intercorrências. Ninguém, em sã consciência, vai remover esses implantes.
E eu concordo: nem sempre a manutenção será fácil. Entretanto, as empresas ainda mantêm essas peças em estoque e a tecnologia CAD/CAM faz maravilhas na ausência de alternativas.
Enfim, quando chegar a hora de remover o implante dentário com esse tipo de conexão, estará tudo bem. Já é ponto passivo. Daí você optará por continuar ou trocar.
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