Um daqueles finais de semana falando sobre rock and roll, mensagem vai, mensagem vem, e de repente: “...meu amigo, estou perdendo o sono! Eu testo a adaptação da prótese na boca, está tudo bem. Depois da radiografia, parece que uma das margens está aberta!”
E foi assim que o grande Luiz Ramos Junior e eu abrimos uma investigação rápida na literatura. Afinal, o que se passava? Depois de um mês e meio de troca de conversas e muita pesquisa: “Luiz, acho que encontrei o começo da resposta”.
Se você faz radiografia digital, saiba que os filtros configurados nos programas podem gerar um resultado falso-positivo, como este que o Luiz Ramos Jr. descreve nas margens. Traduzindo: uma área bem adaptada clinicamente parece uma "abertura" na imagem. Sim, é um artefato de técnica; sim, é de tirar o sossego!
Tanto Luiz quanto eu fizemos pós-graduação estrito sensu na mesma universidade e na mesma área. Aprendemos como verificar se uma coroa fundida está ou não com a margem aberta depois de assentada. Outra coisa que fazíamos era olhar o aspecto externo da margem da coroa com a margem do preparo usando um microscopio com lentes de aumento, antes e após a cimentação. Desta forma, analisávamos a distância linear conhecida oficialmente como “discrepância de assentamento”.
Verdade, podemos ir além: cortarmos as coroas e ver as suas margens internas. Daí, chegaremos à constatação mais verdadeira de toda prótese fixa: difícil (praticamente impossível) essas margens terem valor zero em toda a circunferência da restauração.
Veja que estamos falando ou do ponto médio da face vestibular ou da face lingual. É “um ponto” num perímetro cervical entre 35.000 a 40.000 micrometros. Se andássemos nesta periferia pelo menos em intervalos de separação de 1,5 - 2mm (1500 - 2000 micrometros), poderíamos analisar uns 20 pontos. Hoje, com a tecnologia CAD/CAM, é possível fazer esta inspeção virtual.
Margens abertas aumentam a chance de dissolução do cimento; certamente são caminhos para acúmulo de todo o tipo de material ou resíduo transportado pela saliva.
Os valores médios históricos desejáveis nas margens podem chegar aos 120 micrometros. O que é um micrometro? São 0,001 milímetros.
Problema: existem agentes menores que podem “estacionar nestas paradas” . Um deles é a bactéria responsável pela doença periodontal (A. actinomycetemcomitans, dimensões entre 0,5 e 1,4 micrometros), se as suas colônias não forem desorganizadas pela higienização diária.
Para finalizar e melhorar a nossa precisão diagnóstica:
uma sonda exploradora nova: ponta com média de 55 micrometros.
uma sonda exploradora usada: ponta com média entre 110 e 220 micrometros.
@luizramos.jr , longa vida ao rock e aos nossos bate-papos!
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