Maxila e mandíbula são ossos da face com origens diferentes e consistências diferentes. Compare a maxila (osso chato) ao fêmur (osso longo): as formações ósseas são muito desiguais, e as tensões e deformações também. A maxila sustenta o peso do cérebro (no adulto, de 1,2 a 1,5 kg), enquanto o fêmur sustenta o peso do corpo (75 a 80 kg).
E desde o começo da Implantodontia contemporânea, a sensação táctil na osteotomia mostrava que a maxila possuía locais com densidade óssea menor do que a mandíbula.
Isso também era interpretado pela quantidade de osso coletada nas espiras de uma fresa (uma manobra clínica clássica usada até os dias atuais).
No fundo, uma bandeira vermelha com a seguinte mensagem: seja delicado com a maxila.
Por outro lado, no dia a dia da Implantodontia, buscamos a "estabilidade do implante", pelo torque final de inserção e depois pela frequência de ressonância. Algumas vezes, os implantes colocados na maxila começam bem, mas depois, perdem essa estabilidade. Esse fato é corroborado pela literatura indicando uma taxa de sobrevivência menor na região posterior.
Daí, fica a dúvida.
Osso local na implantodontia: é quantidade ou qualidade?
Do ponto de vista científico, será que essa é a pergunta que devemos fazer? E se houvesse uma outra forma de compreender o processo de cicatrização?
É como dizem na psicologia: se usarmos os remédios errados para tratarmos a rebeldia, nunca vamos entender os motivos pelos quais "esse" ou "aquele" paciente age assim.
Assim, uma equipe da Faculdade de Odontologia da Universidade de Michigan literalmente colocou a maxila e o fêmur no divã.
Ao estudarem a cicatrização de defeitos subcríticos na maxila e no fêmur em modelos de ratos, identificaram que a relação entre BV/TV (volume ósseo/volume total) era completamente diferente depois de 7 e 14 dias.
O fêmur mostrava maior volume ósseo, mas também uma qualidade óssea menor no começo da cicatrização, comparado ao osso circunjacente.
A maxila mostrava menor volume ósseo, porém com uma qualidade óssea mais consistente, e com trabéculas ósseas mais finas, comparadas ao osso circunjacente.
Em resumo, maior volume ósseo não necessariamente significa melhor qualidade óssea no período inicial de cicatrização.
Entretanto, segundo os autores, essa não é uma resposta definitiva pelas restrições no modelo utilizado.
Essas sessões de terapia estão só começando.
Vale conferir o estudo original clicando no link abaixo:
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