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Seu implante dentário "afundou"? O grande desafio funcional e estético

  • Foto do escritor:  Paulo Rossetti
    Paulo Rossetti
  • há 15 minutos
  • 4 min de leitura

Extrusão dentária e o implante adjacente.
Extrusão dentária e o implante adjacente.

Uma das situações mais significativas na implantologia moderna é a compreensão e o manejo do crescimento craniofacial tardio.


Acreditava-se que a face parava de crescer. Bem, isto não é verdade.


Diferentemente dos dentes naturais, que são capazes de se adaptar e erupcionar passivamente ao longo da vida, os implantes são estruturas fixas ao tecido ósseo.


Esta diferença fundamental pode gerar complicações: uma delas é a extrusão relativa, ou infraoclusão, alterando a estética dentária e a função, justamente porque a face cresce, e os implantes ficam parados sempre na mesma posição em que foram colocados.

 

A dinâmica do crescimento craniofacial e a estabilidade dos implantes


O crescimento craniofacial não cessa completamente na adolescência. Estudos demonstram que mudanças sutis, mas clinicamente relevantes, continuam ao longo de toda a vida adulta.


Este crescimento tardio, juntamente com a erupção dentoalveolar contínua dos dentes adjacentes, cria um ambiente em constante transformação.


Enquanto os dentes naturais respondem a essas mudanças através de mecanismos de erupção passiva e remodelação óssea adaptativa, os implantes dentários, uma vez osseointegrados, permanecem em uma posição fixa em relação à base óssea.


Essa disparidade pode resultar em uma extrusão relativa do implante dentário, onde ele parece “afundar” em comparação com os dentes vizinhos e o tecido mole circundante.


O problema é: detectar com precisão quando isto ocorre.

 

Infraoclusão em implantes dentários: impacto estético e funcional


A infraoclusão de implantes dentários é uma condição onde a coroa protética do implante se encontra em um plano oclusal inferior ao dos dentes adjacentes.


Esteticamente, isso se manifesta como uma discrepância no nível gengival e na altura da coroa, criando um “degrau” que compromete a harmonia do sorriso.


Parece até que você caiu e quebrou um pedacinho do dente, mas não é.


Além do impacto visual, a infraoclusão também acarreta consequências funcionais. Pode levar a uma oclusão patológica, com sobrecarga nos dentes naturais remanescentes ou no próprio implante, potencialmente afetando a saúde periodontal dos dentes adjacentes e a estabilidade da prótese dentária.


A erupção dentoalveolar contínua dos dentes naturais agrava essa discrepância ao longo do tempo. Sim, os dentes "andam". Não percebemos, mas eles se mexem no sentido vertical com o tempo. Esse mecanismo é considerado como uma compensação fisiológica.


A presença de infraoclusão pode dificultar a higiene oral adequada ao redor do implante, aumentando o risco de mucosite peri-implantar e peri-implantite, comprometendo a saúde periodontal a longo prazo.


A remodelação óssea ao redor do implante, embora essencial para a osseointegração, não confere a mesma capacidade de adaptação vertical que os dentes naturais possuem.


Ou a coroa do implante parece encurtada, ou o ponto de contato entre a coroa do dente e a coroa do implante dentário fica mais frouxo ao longo do tempo.

  

Fatores de risco e estratégias para solucionar a infraoclusão


Conforme uma revisão recente, os fatores de risco que podem aumentar a chance de infraoclusão nos implantes dentários são:


  • idade e sexo do paciente: segue como um dos mais críticos, onde pacientes mais jovens, especialmente aqueles que ainda apresentam crescimento craniofacial ativo, estão mais suscetíveis/ as mulheres são mais suscetíveis do que os homens.


  • localização do implante: a maxila e a região anterior superior têm maior tendência às mudanças do que a mandíbula e a região posterior, assim como os dentes incisivos laterais e caninos em relação aos dentes incisivos centrais.


  • padrão de crescimento craniofacial: pacientes ortodônticos tipo "face longa" têm maior risco do que pacientes ortodônticos tipo "face curta"


  • força mastigatória: locais com baixa força mastigatória têm maior risco do que regiões com alta carga mastigatória


  • protocolo de colocação do implante: casos com colocação tardia possuem maior risco do que os casos de colocação imediata.


  • contato dentário: ausência tem maior risco do que a presença de contato.


Alternativas terapêuticas e perspectivas futuras


Para pacientes jovens ou aqueles com alto risco de infraoclusão de implantes dentários, em vez dos implantes, pode-se considerar o fechamento ortodôntico de espaços, o autotransplante de dentes (quando viável) ou o uso de próteses parciais removíveis ou próteses fixas adesivas como soluções temporárias até que o crescimento craniofacial esteja completo.


Essas abordagens permitem que a erupção dentoalveolar natural continue, mantendo a estética dentária e a função sem o risco de extrusão relativa.


A decisão deve ser individualizada, considerando as necessidades e expectativas do paciente, bem como o prognóstico a longo prazo.

 

A importância do consentimento informado e comunicação


Dada a complexidade do crescimento craniofacial tardio e das contínuas mudanças dento alveolares, o consentimento informado e a comunicação transparente com os pacientes são de suma importância na implantologia moderna.


É essencial que os pacientes compreendam que, embora os implantes dentários sejam uma excelente solução, eles não são idênticos aos dentes naturais em sua capacidade de adaptação.


A discussão deve abordar o conceito de infraoclusão, os fatores de risco envolvidos e a possibilidade de que o implante possa parecer “afundado” ao longo do tempo em relação aos dentes adjacentes devido à erupção dentoalveolar contínua.


Os profissionais devem explicar as implicações para a estética dentária e a função, bem como a potencial necessidade de revisões protéticas futuras ou tratamentos adicionais para manter o sucesso dos implantes e da saúde periodontal.

Paulo Henrique Orlato Rossetti - a ciência da Odontologia no seu dia a dia
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