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  • Foto do escritor PAULO ROSSETTI

BBB, P. gingivalis e Alzheimer: quero entender


Bactérias da boca podem atacar o seu cérebro
Bactérias da boca podem atacar o seu cérebro

BBB não é "bando de bactérias da boca". Você até poderia pensar que em vez de usar aqueles nomes complicados que só a sua professora de microbiologia sabe e parecem retirados de algum dicionário da língua russa, seria melhor de cara, em qualquer prova, colocar a sigla BBB para resolver a coisa toda. Mas...


BBB é a sigla em inglês (blood brain barrier) para "barreira hematoencefálica". Ela controla a passagem de algumas substâncias, que circulam nos vasos sanguíneos, para o nosso cérebro. Um muro de proteção.


Há exceções: a glicose tem um tipo de passaporte especial. Essa molécula não precisa "pedir licença" para entrar. O seu cérebro consome muito açúcar para ficar ativo. Afinal, essa massa cinzenta é considerada órgão nobre.


Além da BBB, existe uma ligação direta do cérebro com alguns conjuntos de nervos. Por exemplo, o óptico (segundo par craniano), têm fibras nervosas que se estendem da retina até à região posterior cerebral.


E o que dizer dos nervos trigêmeo (V par) e facial (VII par), nossos "companheiros de trabalho" na Odontologia para anestesia, sensibilidade, motricidade e estética facial?


Outro ponto importante: como as fibras nervosas do nosso corpo conduzem os impulsos elétricos até o cérebro, elas precisam de uma capa de revestimento, feita de gordura (lipídeos), onde se encontra uma proteína chamada beta amiloide.


E finalmente, há um espaço muito pequeno entre dois neurônios, a famosa fenda da sinapse, onde os neurotransmissores transitam de uma célula para outra para continuar a propagação do impulso elétrico.


Quando o conjunto de mecanismos acima não funciona bem, diversas doenças mentais podem surgir.


No que interessa à Medicina e Odontologia (Medicina Periodontal), tem sido relatada uma associação do espessamento da proteína beta amiloide nos casos de Alzheimer, muitas vezes associado às bactérias orais, especialmente à P. gingivalis , aumentando o risco dessa neuropatologia.


Em autopsias, já foram encontrados fragmentos de P. gingivalis nos pacientes que faleceram por Alzheimer, mas nunca em cérebros de pessoas não afetadas pela doença.


Em pacientes com Alzheimer, a BBB seria afetada por bactérias e pela beta amiloide da seguinte forma:


A P. gingivalis produz toxinas que induzem o sistema imune, gerando inflamação, inclusive nas células do cérebro.


A BBB possui uma "porta de entrada" e uma "porta de saída" para a proteína beta amiloide.



Então, a beta amiloide se acumularia no cérebro em forma de placas, chamando outros fatores oxidativos que vão destruir as células cerebrais, tornando a nossa BBB disfuncional.


Todo cirurgião-dentista pode fazer um grande favor aos seus pacientes para retardar a combinação BBB, P. gingivalis e Alzheimer: ensina-los a controlar a placa dento bacteriana.

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