
Uma prótese dentária precisa de pilares como meio de fixação e biomecânica de retenção, não é?
Tudo bem, é claro que você já ouviu falar da famosa coroa de jaqueta: quando o espaço interoclusal é reduzido, e o núcleo/pino metálico praticamente está unido ao recobrimento estético.
Nas próteses sobre implantes, usamos o mesmo princípio dos pilares, quer elas sejam parafusadas ou cimentadas. O pilar estará lá sendo o elemento de transição entre o implante e a restauração, havendo um parafuso
Esse pilar sobre o implante tem diversos nomes clássicos: munhão, manga, luva, transmucoso, intermediário. Ao longo dos anos, também adotamos a sua versão não traduzida da língua inglesa: abutment.
Esses pilares, com e sem elementos anti rotacionais, são pré-fabricados ou podem ser modificados a partir de materiais de estoque. Por exemplo, quando fazemos o enceramento e uma sobre fundição).
Alguns pilares ficaram famosos, como o UCLA, o CeraOne, o Estheticone, o MirusCone, e o CerAdapt. Uma fase de descobertas na prótese sobre implantes.
A tecnologia CAD/CAM facilitou ainda mais esse processo de customização dos pilares: atualmente, podemos escolher a forma básica em uma biblioteca virtual, modificar o que for necessário, e selecionarmos o material de fabricação (polímero, metal, cerâmica)
Mas é possível confeccionar a prótese sobre implantes sem usar um pilar como elemento de transição, ou seja, colocar a porção basal da prótese em contato direto com a região cervical dos implantes dentários?
E seus parafusos de fixação: serão capazes de suportar os mesmos esforços mecânicos?
Estudo em evidência
Na proposta recente, tanto a zircônia quanto o titânio foram usados na confecção das próteses, sendo que um dos grupos testados não possui os abutments (pilares) como nós os conhecemos.
Para isso, o implante dentário tem características internas que permitem à futura prótese ser conectada diretamente, já que os seus contornos finais são desenhados e usinados pela tecnologia CAD/CAM:
Assim, como é de costume, esse tipo de ensaio biomecânico é feito com alguma fadiga térmica e depois mecânica para verificar o quanto da capacidade de retenção (torque) ainda existe nos parafusos e, também, que tipo de falhas são observadas (adesivas, coesivas, ou mistas).
Os resultados iniciais são interessantes:
a redução nos torques de remoção chega à 70% dos valores originais, independente da presença ou não de um pilar (Ti-base ou multi-unit)
as PPFs de zircônia monolítica confeccionadas sem os pilares mostram cargas de falha comparáveis aos outros grupos com pilares
as PPFs de titânio mostram maior capacidade de carga após a fadiga
os diversos tipos de pilares usados (ausência de pilar, Ti-base, multi-unit) não afetam as cargas de falha
nos casos de falha em PPFs de zircônia, elas se iniciam no ponto de aplicação de carga e migram para a área do conector
nos casos de falha em PPFs de titânio, elas são coesivas no material de recobrimento
Outra proposta desse sistema é variar o tipo de material do parafuso (metal, cerâmica, ou polímero) em função do tipo de prótese a ser usinada.
Entretanto, seus autores reforçam: vencida a fase do comportamento laboratorial, é chegada a hora dos estudos clínicos com essa inovação na prótese sobre implante.
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